sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Destino de um líder: da inexperiência a falta de paciência


Marcelo Ortega
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Nestes 15 anos atuando como treinador e consultor empresarial conheci muitos líderes natos e outros que se moldaram e se transformaram para serem capazes de ocupar o cargo de dirigente ou gerente de equipes. Se pensar que falo para aproximadamente 20.000 pessoas em média por ano, devo ter tido a oportunidade de conhecer dezenas ou centenas de pessoas que comandam o jogo chamado mundo dos negócios. Uma característica muito comum entre estas ilustres figuras é que a maioria era do baixo calão de sua ou de outra empresa e suou muito para estar no comando. Em geral, antes de ser promovido ao cargo de chefia, o líder de sucesso fracassa, pensa em desistir, sente-se inseguro e ao contrário do comportamento normal entre as pessoas, ele ainda assim, vai em frente e muda os meios para justificar novos fins. O bom liderado pode se tornar um péssimo líder, isso é muito comum. O importante neste momento é que você perceba que inexiste uma metodologia de preparo de um lideres na grande maioria das empresas. O gerente é aquele que entende do negócio, teve ou almeja ter cargo de liderança e aparentemente a empresa acha que ele sabe como conduzir a equipe. Como não existe incubadora de maturidade e de atitude, nem os novatos e muito menos os mais experientes atingem esse patamar se falharem. Muitas empresas têm programas sérios de desenvolvimento, mas a grande maioria foca só o lado técnico e não cria uma cultura de aperfeiçoamento comportamental e de novas habilidades. Baseado nisso, defini descrever 03 fases do líder de uma equipe, para que faça uma auto-análise e veja como pode agir para obter melhores resultados:

Primeira fase: O novato

O gerente novo, recém-contratado ou promovido. Nos dois casos encontra resistências na equipe, muitos queriam ocupar o seu lugar. É comum também ele ter de enfrentar problemas de insubordinação daqueles funcionário/colaboradores que têm mais tempo de empresa. Possivelmente terá que tomar medidas objetivas de disciplinar ou até demitir e, consequentemente contratar novos profissionais com assertividade. Ou seja, vida dura.
O novato tem características, no entanto que são essenciais, como a força de vontade, o seu entusiasmo altíssimo e o sabor de ter sido prestigiado pela empresa lhe fazem vencer estes problemas.
No entanto, o tempo passa e o novato deixa de ser o tal e precisa aparecer, pois não mais que três meses será a tolerância da empresa em ver os resultados. Por exemplo, um vendedor sem vender durante este tempo, quando chega a isso, normalmente é demitido. Por isso cabe ao líder tomar a decisão e se responsabilizar por sua equipe. Implementar ações eficazes e fazer com que as pessoas reajam bem muitas vezes leva tempo. A liderança é poupada de desgastes e pressão quando demostra algumas atitudes e perspectivas que convençam a direção de sua empresa.

Segunda fase: O Comandante

Esta é a fase ideal, o gerente comandante que fazendo analogia com aviação, aquele que sabe que todo avião precisa dar uma corridinha na pista para decolar e depois precisa de intensa gestão e controles para que tudo corra bem. O líder de sucesso está sempre no comando, mesmo quando ainda é novato na função gerencial, de supervisão, coordenação ou direção. No início é preciso correr, pegar o ritmo e velocidade adequada para atingir o céu de brigadeiro. Muita autodisciplina, reflexo, preparo, inteligência e competência é que fazem quem embarcou se sentir tranquilo. Um ex-liderado que assumiu a cabine de comando quando demonstra não ter o preparo adequado e faz algo de improviso, aquilo que as pessoas consideram apenas o “basicão” , perde o respeito e o direito de liderar.
Já vi muito gerente comandante que fez um super trabalho com a equipe e por seus resultados, se tornou diretor, sócio ou dono da empresa. O contrário é verdadeiro, mas se comparar com piloto de avião, um trabalho mal feito é fatal e não tem volta. Por isso que não adianta se propor ao comando, sem ter segurança que saberá correr, decolar, enfrentar turbulência e pousar com segurança garantida.

Terceira Fase: O intolerante

Quando se está muito tempo no comando, a frente de equipes ou de muitos funcionários, fatalmente o líder perde sua paciência com algumas coisas. Contratar, treinar e gerenciar não é algo fácil e precisa de absoluta disponibilidade e preferência por fazer sempre mais e mais. Quando uma pessoa ascende de posição na empresa especialmente, quando atinge um cargo mais alto de liderança, muitos não querem mais fazer tudo aquilo que ser líder envolve como o fato de treinar pessoas e re-treinar e ainda ver casos que surtem efeitos. Recomeçar é preciso e ainda ter consciência que o líder é que responde pela execução dos planejamentos estratégicos da empresa, formação de equipes, atingimento de metas, treinamento, motivação, gerenciamento e resultados. Uma das coisas que mais irrita o gerente na fase intolerante é a grande parte de uma equipe que fica no nível médio de resultados, na mediocridade. Tem pessoas que insistem em dar desculpas, reclamar e não atingir metas e desempenho. No passado, como comandante, o gerente detectava os maus exemplos e fazia um trabalho específico para minimizar o espaço entre eles e os que trabalham mais e melhor. No entanto, a paciência se esgotou, como vejo acontecer em muitos casos, e o líder agora é intolerante e está cansado de “rezar a missa” e fazer o jogo duro e repetir discursos e ações de treinamento e motivação. Neste caso, se o líder já ocupa um cargo de direção ou é o dono da empresa, o mais recomendado é perceber que nao é mais ele que deve fazer esse papel. Sua empresa precisa crescer e ter um novo comandante para isso. Com o tempo, viramos atletas de 100 metros rasos, não ganhamos mais em maratonas. Liderança de sucesso é reflexo de dedicação contínua. Então como se manter no comando sem perder o emprego nem a paciência?Uma empresa que se preze, não contempla líderes que não estejam aptos a ocupar o cargo. Isso significa que se o cargo de líder é seu, você deve ter competência para isso. Alguém viu em você algo especial, potencial, bem interessante se decidiu nomear você. Agora separe cargo funcional da sua virtude de liderança, pois ser gerente não quer dizer que será um líder de sucesso. Seus talentos e habilidades são natas e inatas, acredite a maioria dos talentos e habilidades que irão lhe servir para gerenciar são habilidades que irá desenvolver quando assumir o cargo. O grande papel do líder é ser responsável, capaz de fazer as pessoas mais produtivas e eficazes e sobretudo formar outros líderes, esse é o segredo. O gerente, diretor e dono que permanece no comando, é aquele que quando era iniciante focou a maior parte de seu tempo na aprendizagem de métodos de liderança e gerenciamento, bem como, técnicas de planejamento, comunicação, delegação e monitoramento, não é aquele que se considera insubstituível, que portanto ao ver é impromovível. O líder comandante é aquele que evolui de forma contínua e descentralizadora. Líderes independente de tempo ou sentimento, encaram conhecimento é como água, é até água, quando fica parada estraga. Meus grandes mentores me ensinaram que líder é aquele que age, inspira, decide, trabalha, educa e forma pessoas. Assim criam vínculos e lealdade para um dia, serem promovidos e substituídos com sentimento de vítória.

Abraços,

Marcelo Ortega

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