quinta-feira, 22 de março de 2012

A MULHER, A CASA E O MODO DE VER O MUNDO


ABRAHAM SHAPIRO

Uma mulher viveu durante toda sua vida no interior de uma casa sem jamais ter saído. A casa era grande, confortável e havia de tudo: um lindo pomar, jardins, cães que brincavam, gatos sonolentos, aves, livros, boa música e ambientes bem decorados. Muitos empregados mantinham a ordem do lugar e proviam a mulher de alimentos e outras necessidades.
Certo dia alguém disse a ela:
- “Como são belas as paredes verdes da fachada de sua casa”.
A mulher, que nunca tinha visto sua casa desde o lado de fora, mostrou-se surpresa com a declaração, e respondeu:
- “Você está enganado. Há muito tempo alguém me disse que aquelas parades são azuis e por toda a minha vida eu as imaginei assim”.
- “Não” – devolveu-lhe a pessoa. “Elas são verdes!”.
A mulher sentiu-se frustrada. Naquele instante, ela notou ter chegado a hora de sair afora. E assim o fez. Deixou a casa onde vivera por toda a vida e, já no mundo externo, fitou sua belíssima fachada, constatando ser toda verde. Ela vivera equivocada até então.
Agora, eu pergunto: quem é a mulher desta história? Somos todos nós quando construímos um mundo de convicções pessoais fundadas em dados que jamais julgamos ou verificamos; apenas cremos. E o que devíamos fazer? Deixar de lado o que pensamos por um momento e buscar perceber por nós próprios cada fato e situação. Como? Um meio é verbalizar com detalhes o que pensamos, mostrando a alguém de nossa confiança o que pensamos e  porque pensamos. Só de falar do que guardamos a sete chaves, tudo começa a mudar: nossos julgamentos tornam-se mais justos, nossos medos desaparecem e passamos a ser mais corajosos. 
Investir boa fé na imaginação, em dados de terceiros, e transformá-los em alicerce de valor sem nos preocuparmos em averiguar se realmente merecem nossa crença incondicional  é a raiz mais funda de muitos dos nossos grandes bloqueios e limitações.
Quanto vale continuar trancafiado em crenças e vícios?
Que tal sair de dentro de si e passar a ver a vida desde outros ângulos? Traia-se, e assim, veja que as paredes que você sempre pensou serem azuis são, de fato, verdes.

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