terça-feira, 29 de novembro de 2011

Equipe é tudo e um pouco mais


Uma das características principais da empresa sem liderança é não conseguir formar equipes, embora elas constituam o grande patrimônio da Era do Conhecimento. Os ciclos de vida dos  produtos estão cada vez mais curtos. Duvida? Então confira estes exemplos: o videocassete, as calculadoras, as copiadoras, as máquinas de escrever eletrônicas. Todos estavam disponíveis no mercado, a partir dos anos 70. Alguns deles estão em declínio absoluto, enquanto outros têm os dias contados. Veja, agora, os que surgiram na década de 80: fax, secretárias eletrônicas, drives para disquetes, antenas parabólicas, software para computadores pessoais, compact disc. Tente imaginar por quanto tempo ainda haverá demanda para eles, comparando-os com as alternativas que vem surgindo - mais interessantes e, muitas vezes, até de custo benefício superior. Vamos para os da década de 90: notebooks, TV de alta definição, monitores de alta resolução, videocassete digital, rádio celular.

Conclusão: produtos são alternativas para solucionar os problemas dos clientes, apenas isso. Não dá para se apaixonar por eles, e é um grande problema quando eles se transformam nas meninas dos olhos de líderes e empreendedores. No passado, os produtos estavam acima do bem e do mal e, se os clientes os rejeitavam, trocavam-se os clientes e mantinham-se os produtos. Se os funcionários não os produziam ou vendiam devidamente, demitiam-se os funcionários, mas os produtos permaneciam intactos. No máximo, eram maquiados, em um esforço quase desesperado de parecer mais apetitosos à demanda.

Até que surgiram as grandes revoluções, nesse campo. E com ciclos de transformação cada vez mais rápidos. Basta citar o computador pessoal, que evoluiu de uma maneira incrível, em funções e capacidade de processamento, além de funcionalidade, em relação ao tamanho. Hoje existem opções de mesa que concentram tudo (exceto o teclado) no monitor. E, se no lançamento, são viáveis para raros bolsos, não leva muito para o preço cair vertiginosamente.

O mais espantoso do novo mundo empresarial é que esse fenômeno não se restringe aos produtos. Também os ciclos de vida dos negócios estão sendo reduzidos. É por isso que, cada vez com mais frequência, os negócios precisam ser revistos, a partir do exercício de construção de cenários. Em um ambiente de alta velocidade de mudança, perde-se com facilidade a sincronia entre foco, negócio e competência básica. Com isso, quando ficam obsoletos, objetivos que antes eram importantes tem de ser substituídos por outros. Não dá mais para ter uma empresa rígida traduzida em organogramas, cargos, planos de carreiras e normas. Tudo o que torna a empresa inflexível é nocivo para a sua existência. Flexibilidade é fundamental para participar com sucesso do novo mundo dos negócios.

Mas como sempre tem um porém, é bom entender direito o que é flexibilidade. Uma coisa é mudar frenéticamente e a esmo, como fazem as pessoas desnorteadas. Mudancismo não traz progressos e pode levar uma empresa à bancarrota. Pior ainda se esse movimento implicar o abandono de valores, de negação da própria alma. Isso é caminhar a passos largos para o cadafalso. Mudar é necessário e imprescindível, mas com um norte, uma direção, um sentido. Lembre-se da seguinte metáfora quando pensar em flexibilidade: a árvore se enverga sob a força dos ventos, mas suas raízes permanecem firmes no solo. Assim deve ser uma empresa disposta ao sucesso contínuo: flexível à força dos ventos dos ambientes e dos obstáculos do dia-a-dia, mas sem perder os valores que são a sua base de sustentação.

Voltamos ao ponto-chave da questão: o que fazer, então, se os produtos são apenas alternativas para solucionar os problemas dos clientes e se os negócios estão com os seus ciclos de vida cada vez mais reduzidos? Faça uma equipe formada por gente inteligente e criativa, capaz de perceber oportunidades, de ter idéias inovadoras, de entender o que o cliente quer, mesmo se ele ainda não saiba explicitar isso. Diferentemente dos produtos e dos negócios, o ciclo de vida das equipes é ascendente. O tempo e o amadurecimento só fazem com que as equipes sejam cada vez melhores - como os bons vinhos, das melhores safras. A liderança da Era do Conhecimento é capaz de reunir talentos e nutri-los, para que floresçam e ofereçam os melhores frutos.

Roberto Adami Tranjan é educador e diretor da Metanoia - Educação nos Negócios www.metanoia.net

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