terça-feira, 19 de abril de 2011

LIDERANÇA OU UTOPIA?

 
ABRAHAM SHAPIRO

Gosto muito dos textos de Julian Birkinshaw, professor da London Business School.

Em um de seus recentes artigos, ele levanta uma questão importante. A maioria dos funcionários está infeliz com seus superiores. Ele utiliza estudos estatísticos sobre a felicidade que evidenciam dados preocupantes. Quando se faz a pergunta: “Quando você se sente feliz, com quem você está interagindo?” às pessoas, amigos e familiares aparecem no topo da lista; o chefe vem por último. Na verdade, as pessoas preferem ficar sozinhas a interagir com seu chefe.

Será que por parecer verdadeiro o seriado The Office foi sucesso na Europa e Estados Unidos? Michael Scott, o chefe desta série de televisão é um mentecapto egocêntrico, que não tem a menor consciência de si, e seus subordinados são muito mais espertos do que ele.

Quando figuras como esta são as que vêm à mente das pessoas para traduzir o “gerente”, sinto que o problema dominante na vida corporativa de hoje é no mínimo delicado.

Eu, particularmente, nunca vi com bons olhos essa tendência de se substituir a palavra gerente ou gestor por líder. Parece mais um modismo do que uma necessidade. O que as empresas precisam é de gestores eficazes, que saibam o que têm de fazer e que sejam capazes de decidir como fazer para se alcançar resultados.

Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, expressou-se sobre liderança de um modo que poderá deixar muita gente decepcionada. Ouça isto: “É um erro afirmar que as escolas de negócios formam líderes. Sua tarefa consiste em formar medíocres competentes para que realizem um trabalho competente. Pode-se dizer o mesmo das faculdades de medicina. Sua função não é formar líderes, mas médicos que matem o menor número possível de pacientes. Permita-me dizer com toda a sinceridade: não acredito em líderes. Toda essa conversa sobre liderança é uma bobagem perigosa. É tudo conversa fiada. Entristece-me constatar que, encerrado o século 20, com líderes como Hitler, Stálin e Mao, as pessoas ainda estejam em busca de quem as comande, apesar de todo esse mau exemplo. Acho que tivemos carisma demais nos últimos 100 anos”.

Eu estou com Drucker. Mesmo sabendo que esta visão deixa próximas de zero as vendas de livros que difundem a ilusão ou, por que não dizer, utopia da liderança.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473 begin_of_the_skype_highlighting              (43) 8814 1473      end_of_the_skype_highlighting

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