segunda-feira, 20 de junho de 2011

EXPOGESTÃO 2011 – Lições para uma Vida Melhor


Uma platéia encantada ouviu, na quarta-feira à noite, o filósofo Mário Sérgio Cortella desfilar erudição e, com frases de efeito, cativar o público. Traçou panorama do que é essencial para os homens buscarem a felicidade. Argumentou que, como só temos uma vida pessoal, o tempo de trabalho não pode tomar tempo demais do cotidiano. Listou pensadores para concluir que a vida só faz sentido se dermos atenção maior ao equilíbrio e a valores que retratam aspectos do relacionamento pessoal e afetivo.

Perfil
Mário Sérgio Cortella, bem-humorado, é filósofo, professor universitário, ex-secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo, palestrante e escritor. Ele fez a palestra de abertura da Expogestão no Centreventos Cau Hansen.

Tapetes
Minha tarefa é fazê-los refletir. Este é o papel da filosofia: ajudar a pensar sobre as coisas, a vida e o mundo onde vivemos. Há um provérbio dos árabes muito inspirador. Diz que nós, os homens (o gênero humano), somos como os tapetes, periodicamente precisamos ser sacudidos.

Tempo
Leio Millôr Fernandes, 87 anos, fala que, quando diz “no meu tempo”, quer dizer “daqui a dez anos”. O futuro é o passado em preparação. Daqui a 20 anos, olharemos nosso passado. E como queremos vê-lo? Responder, agora, nos dirá o que queremos ver adiante e sobre o que fizemos de nós mesmos.

Vida pessoal
O importante é ter, sem que o ter te tenha. Não seja propriedade de sua própria propriedade. Nós temos uma vida pessoal. E dentro dela, várias facetas. A vida profissional é parte da vida pessoal. Não é toda ela. Não pode ser toda ela. Há pessoas que soterram a vida pessoal de tanto tempo que a usam para a faceta profissional.

Essencial
O essencial é aquilo que nós queremos que permaneça na vida, aquilo que dá sentido à vida. Assim, o essencial é a amizade, a lealdade, a fraternidade, a sexualidade, a religiosidade. Enfim, a felicidade. Felicidade, em latim, significa feliz. E também fertilidade. Quero dizer que devemos ser capazes de irrigar para não apodrecer as nossas esperanças. Buscar a felicidade é importante para não esterilizarmos nossos sonhos.

Falta
Quero ser alguém que faça falta. É preciso distinguir: ser importante é diferente de ser famoso. Então, o que importa – o importante – é a pessoa que somos que os outros carregam para dentro de si sobre nós. A importância é permanente. Diferentemente da fama, que é evanescente. Há gente que nos faz falta. Por isso precisamos delas. Mesmo que seja em pensamento, em lições deixadas.

Mornos
Os cristãos têm no livro do Apocalipse uma frase forte: “Deus vomitará os mornos”. Morno é aquele que não é quente nem frio. Não é o equilíbrio. O equilíbrio não é a imobilidade. O equilíbrio é poder ir aos extremos sem me perder, e permanecer em harmonia, mesmo na diversidade. Os mornos correm o grande risco de viver uma vida medíocre. O pensador Benjamin Disraeli tem uma frase espetacular que diz que “a vida é muito curta para ser pequena”.

Repartir
Um valor essencial de vida é o da integridade pessoal. Isto quer dizer que, ao repartirmos o que temos ou conhecemos, multiplicamos para outros estas coisas e saberes. O milagre da repartição é que dá para todos e ainda sobra para o doador: falo de amizade, companheirismo... Então, integridade pessoal é compartilhar, ser companheiro, repartir a vida, repartir a história durante a caminhada da vida.

Liderança
Se o executivo vai destruir uma organização, ele não é um líder, ele é um chefe. Um líder é aquele que eleva à condição coletiva. O Hitler não era um líder, o Stálin não era um líder, eles eram chefes. O chefe é aquele que tem o mando, a autoridade. O que caracteriza a liderança é a capacidade de elevar a vida da comunidade, seja uma família, seja uma empresa, seja uma nação. O líder é aquele que faz as vidas das pessoas ficarem melhores. Por isso, um líder não destrói uma empresa, um chefe sim. Principalmente quando ele não consegue ser líder.

HUMILDADE
O educador Paulo Freire ganhou 41 títulos honoris causa (36 deles em vida). E cultivou a humildade. É um valor essencial. Gente grande cresce porque sabe que é pequena. Mas não confunda humildade com subserviência.

TRAGÉDIA
Gosto muito do filósofo Albert Schweitzer. Ele nos ensina que a grande tragédia humana não acontece quando o homem morre. Acontece quando ele morre por dentro, mesmo enquanto vive.

MORAL
Na Bíblia, em Coríntios, está escrito que tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Isso significa que devemos respeitar as leis morais e transitar pelas situações com a altivez de quem faz as escolhas adequadas.

CAMINHADA
O que mais importa não é a partida e nem a chegada da caminhada. É a forma como fazemos a travessia. Por isso, temos de saber aonde queremos ir. Há um ditado africano muito interessante que fala disso. Diz que, se você quer ir rápido a algum destino, deve ir sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado. A vida não é prova de cem metros com barreiras. É uma maratona.

Fonte: AN – Livre Mercado – Cláudio Loetz

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O saber útil é o “saber como” e não o “saber que”…

 
A informação é condição necessária, embora insuficiente, para alcançar a efetividade.

Durante nosso desenvolvimento descobrimos uma forma própria e única de aprender a aprender. Cada um de nós sabe um roteiro, um caminho, um truque que no momento de aprender é o seu preferido e sempre o repetimos.
Por outro lado, existem inimigos do aprendizado que dificultam nossa velocidade durante o processo e costumam impactar também nas nossas emoções. Quem se assusta com eles e se retira, jamais alcançará o conhecimento.

Podemos identificar alguns inimigos do aprendizado como: cegueira, medo, vergonha, vitimização e orgulho…

A cegueira: É impossível iniciar o caminho do conhecimento sem ter consciência do não saber. O cego não sabe que não sabe e, portanto, está preso na ilusão de que não tem nada para aprender

O medo: A auto-estima do sabe-tudo é muito frágil. Revelar sua ignorância e incompetência poderá destruir sua imagem. Por isso, prefere sofrer (e causar sofrimento) a admitir sua necessidade de aprender.

A vergonha: O medo do ridículo sempre assombra o aprendiz. Ao tentar novos comportamentos, suas ações serão incômodas, inoportunas e até cômicas. Se não é capaz de suportar a demonstração constante da sua incompetência, ele abandonará humilhado, o caminho do aprendizado.

A vitimização: É muito mais fácil atribuir as dificuldades a fatores externos. Quando coloca “lá fora” a cauda dos problemas, a pessoa se sente livre da responsabilidade de aprender.

O orgulho: Pedir ajuda implica em reconhecer uma necessidade. Dar a permissão para receber instrução implica ceder autonomia. As pessoas que se baseiam seu orgulho pessoal na ilusão de onipotência e independência caem na armadilha desse “inimigo”.

Faça uma reflexão sobre as suas últimas experiências e dificuldades em aprender. Quais desses inimigos – cegueira, medo, vergonha, vitimização e orgulho, foram os mais presentes?

E aqui vai uma Dicaduka: A paciência é um dos melhores antídotos contra os inimigos do aprendizado. Como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade “Entre a raiz e o fruto, há o tempo
Mochila nas costas e até a próxima trilha!
Paulo Campos / 2011.06.04
@pvcampos10 ou pvcampos@terra.com.br