segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A SELEÇÃO DE GERENTES

 
 
 
Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 28/02/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

Quando os livros de negócios falam sobre gerentes, eles se referem a todo tipo de liderança da empresa: do simples encarregado ao diretor. Qualquer cargo de responsabilidade sobre uma só pessoa ou um grupo delas é de gerência. Estudando a fundo, concluímos que qualquer indivíduo deve se autogerir, portanto, todos somos gerentes potenciais.

Nas organizações, os gerentes recebem muitos nomes. Quatro deles são: encarregado, supervisor, coordenador e gerente. O que eles geralmente fazem? Devem atingir metas, resolver problemas, superar crises e orientar seus subordinados a entenderem o que é preciso para que tudo isto aconteça.

Não é fácil escolher quem reúna atributos e competências para desempenhar funções de gerência. Este, aliás, é um dos obstáculos com que absolutamente todas as empresas se deparam, desembolsam muito dinheiro em programas de RH e consultorias, porém dificilmente o transpõem, pois quase sempre os resultados desta seleção são baixos e ineficientes.

Mas olhemos o problema de frente. Qual a melhor maneira de selecionar um gerente? Hoje em dia, existem ferramentas de avaliação de personalidade e traços de liderança bastante interessantes e eficazes. Na prática, entretanto, entendo que a melhor forma de se escolher alguém competente para a gestão não é por meio de prova de conhecimentos, entrevista ou outras avaliações. Isto é apenas a parte menos concludente do processo.

Após anos de vivência em empresas, hoje penso que atividades de superação de desafios é o que há de melhor. Cheguei a imaginar um modelo. O candidato seria posto dentro de um labirinto cuja construção tivesse trilhas com ciladas e complicações surpreendentes. Sua habilidade em sobrepujar estes empecilhos pela agilidade corporal e destreza mental é que o faria escolhido.

Detalhe importante: filmagens ponto a ponto – como um realty show – permitiria avaliar seu estresse frente aos obstáculos, seu nível de autocontrole e outros traços de psicológicos requeridos no exercício da liderança. Tudo de modo prático.

Em futebol – mais uma vez o futebol como exemplo – é em campo que se conhece o bom jogador. Um gerente de qualidade se destaca pela capacidade de resolver situações inesperadas. De nada adianta o sujeito vender a imagem poderosa e apresentável de um currículo recheado de MBA´s e pós-graduações, se na hora H ele se mostra desequilibrado, restrito e míope na abordagem das soluções.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Como transformar o seu potencial em Liderar?




Liderar só pode ser desenvolvido por meio da prática. Para isso é necessário que você crie oportunidades para colocar em ação os seus conhecimentos e habilidades sobre a arte de mobilizar pessoas. Você pode criar a sua própria sorte percebendo quando e onde essas situações podem ser encontradas. Lembrando que sorte = oportunidade + preparação.
O desenvolvimento e o crescimento da capacidade e da habilidade em liderar são o resultado da experiência combinada com feedbacks oportunos das pessoas que podem observá-lo em ação por um longo período. Peça sempre feedback; não espere que este lhe seja oferecido. Por exemplo, uma maneira assertiva de solicitar feedback é através do exercício dos 3 C’s:
Com base nos meus comportamentos, o que devo:
Começar a fazer, Continuar a fazer e Cessar de fazer.
O caminho de maior sucesso para o seu crescimento como líder é a expansão em círculos concêntricos, portanto, em cada novo desafio você deve ampliar o escopo de suas habilidades essenciais em situações de maior complexidade, ambigüidade e velocidade. Caso contrário, quanto mais você ascender em sua carreira sem uma profunda experiência, mais traumática será a queda!
Um líder não é um bom líder se não produzir grandes líderes para o futuro. Seu sucesso deve ser visível, de forma que quando você evoluir, sua organização e seu sucessor possam ver que você deixou algo muito melhor do que encontrou, um legado tangível. Você não pode fazer tudo sozinho, é necessário que aprenda a delegar, a dar feedback e a mobilizar as pessoas a concretizar uma tarefa, uma meta ou uma visão. Seja um criador de líderes! É um caminho de sucesso certeiro.
E aqui vai uma Dica: Na sua organização eleja três profissionais que você considera uma referência como líder e tente agendar um bate-papo com eles. Diga que você gostaria de aprender sobre a prática de liderar. Nesse encontro, peça que cada um conte um pouco da sua trajetória profissional, suas realizações, seus desafios e, principalmente, a sua melhor estratégia para ensinar as pessoas. O que essas histórias têm em comum? Quais idéias e comportamentos você pode levar para a sua prática como líder? Nesse encontro, compartilhe também as suas metas e sonhos... e não deixe de ouvir com atenção, sempre!


Paulo Campos
@pvcampos10

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O que você não sabe que não sabe?




Agilidade de aprendizagem: o multiplicador mágico
Novas competências são necessárias à medida que crescemos nas organizações. Posições e funções não se mantêm iguais ao longo do tempo. Assim, novos conhecimentos, habilidades e atitudes são necessárias para se adequar às condições do negócio e estratégias em constante evolução.
 Atualmente, aprender a aprender de forma rápida é cada vez mais um diferencial para o profissional de qualquer campo de atuação. Aprender a lidar eficazmente com mudanças e situações novas é um indicador mais forte de potencial e performance do que apenas a inteligência (para saber resolver os problemas).
 Por outro lado, sob pressão as pessoas tendem a permanecer na sua zona de conforto, repetindo comportamentos que já funcionaram no passado. Assimilar novos comportamentos e atitudes é mais difícil do que aprender habilidades técnicas.
Existem alguns comportamentos que facilitam essa aprendizagem mais rápida: iniciativa, curiosidade (por que e como?), complexidade conceitual e pensamento sistêmico.
 Agilidade pode ser definida como a capacidade de executar movimentos rápidos e ligeiros com mudanças nas direções. Será que você possui essa agilidade em aprender? Avalie se você tem essas quatro características desenvolvidas:
  •  Autoconhecimento: Você consegue manter-se calmo e resiliente quando sob a pressão das mudanças?
  • Curiosidade: Você gosta de experimentar coisas novas e lida bem com o desconforto causado pelo desconhecido?
  • Raciocínio Crítico: Você é capaz de examinar problemas de forma cuidadosa e consegue estabelecer conexões não-usuais?
  • Performance: Você entrega “resultados positivos” em situações que vivencia pela primeira vez?
E aqui vai uma Dicaduka: Antes de começar uma nova atividade, anote em um papel o que você sabe sobre ela. Durante a atividade perceba com que rapidez você a domina, com que velocidade você aprende e acrescenta por conta própria “truques” que ainda não lhe ensinaram. Ao término da atividade, escreva suas descobertas e compare com as suas primeiras anotações.

O que você não sabia que não sabia?
Paulo Campos / 2011.02.16
@pvcampos10 ou pvcampos@terra.com.br

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

QUAL O SEGREDO DO SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL?


Existe um fato comum à vida dentro e fora das empresas: as oportunidades estão próximas, no entanto, se desejamos maior variedade, maior fartura de oportunidades, novas vivências, experiências, etc., devemos ir além de nossos limites territoriais. Devemos ir onde nunca exploramos, onde nunca estivemos, degustar novos produtos, novas experiências, novos sabores.

Precisamos de invenção em detrimento à adivinhação. E assim funciona na vida da gente também. Tanto pessoal quanto profissionalmente, quando inventamos, criamos caminhos, criamos alternativas de novas saídas, novos mercados. Quando inventamos, criamos novas possibilidades de resultados. Se ficarmos esperando as respostas caírem do céu, quase nunca sairemos da mesma posição.

Muitas pessoas ficam esperando pelo acontecimento de algo em suas vidas e não mudaram o próprio curso do destino. Pior, o destino os presenteia com a chamada passividade e eles passam a ser coadjuvantes das vidas dos que realmente inventam o próprio destino. Isso tem a ver com sermos normais e o que chamo de “anormais”.

Os normais são os que fazem sempre as mesmas coisas e, obviamente, obtém sempre os mesmos resultados. E a vida é assim: se fizermos diariamente o mesmo, colheremos sempre as mesmas coisas.

Os anormais são os que quebram regras, os que muitas vezes simplificam. É verdade! As coisas, as rotinas, com o tempo, tendem em muitos casos à sofisticação e burocratização. Um banho de simplificação é saudável a todas as pessoas em vários segmentos.

Os anormais também são questionadores. São questionadores que vão além da simples respostas aos seus por quês! Questionam já com uma intenção de aperfeiçoamento, de crescimento, de evolução. Muitas vezes, tal questionamento visa a própria simplificação.

Os anormais mostram novos caminhos e são extremamente proativos.

É importante ressaltar que pro atividade tem a ver com ter iniciativa. Tem a ver com ir além, superar as expectativas iniciais!

Quando um funcionário é contratado para exercer uma função e fica restrito ao que foi solicitado, mostra-se limitado mentalmente ao seu território. Não avança, não vai além, não supera expectativas, é o normal.

Se ele amplia sua visão territorial, sugere melhorias, envolve-se com o trabalho como um todo, mostra comprometimento, ele é proativo! Ele é um anormal!

Outro detalhe interessante é que o comprometido está há anos luz de distância do disponível. O disponível está ali de corpo presente e até dispõe-se a ficar até mais tarde, dispõe-se a carregar um equipamento, fazer a mudança, etc. O comprometido evita o desperdício de tempo, de energia. Ele pensa e age antes de ser solicitado...

Portanto, o anormal é proativo e também comprometido.

O proativo está sempre em estado de MELHOR EU, que representa buscar o crescimento, a conquista sem nunca prejudicar colegas, sem puxar tapete, sem chutar canela, sem subir a qualquer custo. O contrário será sempre o MENOR EU... O famoso colega que busca levar vantagem em todas as circunstâncias...que pena...

Um avião geralmente sai de um aeroporto e chega a outro... Tudo dentro de um planejamento, usando os melhores instrumentos para garantir a qualidade do voo. O que gostaria que refletisse comigo é sobre onde construiremos as melhores pistas de pouso para nossos projetos pessoais e profissionais. Se continuarmos a fazer o que sempre fizemos, encontraremos sempre os mesmos resultados. É a lei da vida e da mesmice...

Somente mudaremos os destinos de nossas vidas com atitudes planejadas e estruturadas hoje. Pouquíssimas pessoas realizam-se por uma coincidência do universo. Outras fazem um planejamento no subconsciente, de forma tão energizada e pouco explícita, que seus projetos acontecem parecendo obra do acaso, mas não são. Tem toda uma energia fluindo para que suas metas e realizações venham à tona.

Tudo na vida começa com um sonho. Sonho de consumo, de adquirir, possuir, de ter e  de ser.
Sonhar com um bem, um carro novo, uma casa, uma viagem ao exterior, um novo emprego, novo cargo, nova carreira, novo negócio... Tudo na vida é sonhado! Sonhar é o primeiro passo de qualquer realização.

O processo de sonhar é como se aparecesse um balãozinho de impulso pelo que fazer, o que realizar. É o fato em si.

Depois que sonhamos, o passo seguinte é desejarmos.

O momento do desejo é aquele em que criamos cenas pessoais usufruindo do sonho. Funciona como uma mini-série em nossas mentes, uma novela. Desejar é o passo onde nos enxergamos na situação, degustamos a experimentamos no subconsciente os prazeres e fatos transformacionais.

Conheci um empreendedor que sonhava com seu restaurante. Quando construía os enredos do empreendimento em sua mente, fechava os olhos para não mais voltar ao mundo real. E pasme, chegava a sentir o cheiro dos pratos que pretendia oferecer...

O que fico intrigado é que muita gente sonha e deseja; sonha e deseja; sonha e deseja... e para por ai...falta um passinho para que as coisas aconteçam, para que os sonhos se realizem, mas não acontece mais nada... Exatamente como se fosse impossível o passo seguinte...

Se você simplesmente sonhar, desejar e parar por ai, você vai “deixar a vida lhe levar”.

É a tal diferença entre inventar um futuro ou adivinhar um futuro!
Quem fica tentando adivinhar o que vai acontecer não constrói, não intercede na produção da própria vida! Quem inventa, faz a diferença, pois cria os caminhos possíveis e até os impossíveis!!

Se você simplesmente sonhar e desejar, garanto que com raríssimas exceções nada acontecerá se não colocarmos METAS. As metas é que definirão de onde sairemos e onde chegaremos com nossas vidas e nossos sonhos!

E então? Para onde vai a aeronave da sua vida?

O momento é de ação! Voe alto com sua vida!!
Dill Casella

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

VOCÊ TEM POTENCIAL?

Esta é uma pergunta que líderes em sua empresa estão sempre fazendo sobre você — ainda que não admitam. Veja como fazer com que a resposta seja “sim”.


Douglas A. Ready, Jay A. Conger e Linda A. Hill

Certos funcionários são mais talentosos do que outros — um fato da vida organizacional que poucos executivos e gerentes de RH questionariam. Uma questão mais polêmica é como tratar indivíduos que parecem ter o maior potencial. Quem é contra o tratamento especial argumenta que todo trabalhador é talentoso de alguma maneira e que, portanto, todo mundo deveria ter igual oportunidade de crescer. Por essa tese, dedicar um volume desproporcional de energia e recursos a um grupinho seleto poderia levá-lo a ignorar a potencial contribuição dos demais. Mas a divergência não para aí. Certos executivos dizem que a lista de gente de alto potencial de uma empresa — e o processo de montá-la — deve ser um segredo muito bem guardado; afinal, por que desmotivar os cerca de 95% que não entraram na lista?

Passamos os últimos 15 a 20 anos estudando programas para líderes de alto potencial. Mais recentemente, fizemos um levantamento em 45 empresas do mundo todo para saber como identificam e desenvolvem esses indivíduos. Na esteira, entrevistamos executivos de RH de uma dezena delas para entender melhor a experiência proporcionada ao pessoal de alto potencial e critérios para inclusão e permanência na lista. Com base na informação colhida de líderes de RH, fomos entrevistar gerentes identificados como astros em ascensão.

Nosso estudo deixa patente que listas de talentos de alto potencial existem, sim — ainda que a empresa não admita e independentemente de o processo de desenvolvimento ser formal ou informal. Das empresas estudadas, 98% disseram identificar deliberadamente gente de alto potencial. Sobretudo quando os recursos são limitados, há uma atenção desproporcional ao cultivo daqueles que, a seu ver, conduzirão a organização ao futuro.

A essa altura, o leitor deve estar se perguntando como entrar — e perma­ne­cer — na lista de gente de alto potencial da empresa. Este artigo pode ajudá-lo a começar a achar a resposta. Encare-o como uma carta aos milhões de funcionários inteligentes, competentes, trabalhadores e de confiança que estão avançando na carreira com certo grau de satisfação mas que ainda se perguntam como chegar aonde realmente querem. Veremos quais os atributos específicos de gestores que, segundo suas empresas, passaram no teste.


A anatomia do indivíduo de alto potencial

Comecemos com nossa definição de um funcionário de alto potencial. Sua empresa pode ter uma definição distinta ou até não distinguir oficialmente gente de alto potencial de outros indivíduos. Nosso trabalho mostra, no entanto, que a empresa tende a pensar em seus maiores talentos (os 3% a 5% no topo) nos seguintes termos:

“Indivíduos de alto potencial superam os pares de forma reiterada e significativa em uma série de cenários e circunstâncias. Não só registram níveis superiores de desempenho, mas também exibem um comportamento que reflete a cultura e os valores da empresa de forma exemplar. Além disso, mostram uma forte capacidade de crescer e ter sucesso ao longo da carreira dentro de uma organização — e de forma mais rápida e eficaz do que seus pares”.




Essa é a anatomia básica de gente de alto potencial. O ingresso nesse grupo de elite começa com três elementos essenciais.

 Produzir fortes resultados — com credibilidade. Bater suas metas é importante, mas não basta. Ninguém entrará para uma lista de gente de alto potencial se não se destacar no que faz ou se seus resultados vierem à custa dos outros. Competência é o atributo básico para o alto desempenho. Mas também é preciso provar sua credibilidade. Isso significa conquistar a confiança dos colegas para, com isso, poder influenciar uma vasta gama de interessados.

Vejamos o caso de Jackie Goodwin, executiva de um banco citada pelo departamento de RH como de alto potencial. Jackie começou na divisão de seguros, mas quis ir para a área bancária, onde enxergava uma carreira com mais espaço para crescer. Seus dotes na gestão geral eram valorizadíssimos. Além disso, tinha uma trajetória comprovada em serviços financeiros na área de seguros. O fato de que o braço bancário buscava sangue novo e a falta de planejamento sucessório na região a deixaram em boa posição como candidata de fora. Aliás, seu currículo era tão sólido quanto — ou mais, até — do que o de candidatos internos.

Quando lhe ofereceram um cargo bem mais alto na divisão bancária — uma promoção a vice-presidente e diretora regional de operações na Alemanha, a segunda maior filial europeia do banco —, Jackie aceitou, ainda que o vento não soprasse a seu favor. Ninguém ali a conhecia, e Jackie pouco entendia da atividade bancária. Para piorar, fora imposta ao cabeça regional, que queria alguém experiente. Seu maior desafio era conquistar credibilidade. Já que a equipe alemã estava habituada a agir com independência, Jackie percebeu que malograria se não pudesse conseguir seu apoio.

Jackie resolveu que ajudar os novos colegas seria uma prioridade. Nas primeiras três semanas, teve conversas com dezenas de gerentes e admitiu abertamente que sua curva de aprendizado seria íngreme. Também buscou conseguir pequenas vitórias em questões que há muito incomodavam. Desdobrou-se, por exemplo, para simplificar o processo de abertura de novas contas. Quanto ao chefe cético, buscou aliviar o máximo possível seu fardo. Vinha e perguntava: “Que assuntos demorados você gostaria de ver resolvidos no prazo de 90 dias?”. Em seguida, arregaçava as mangas. Já que o chefe não gostava de confronto, por exemplo, Jackie cuidava de assuntos que podiam criar conflito, como reformular processos de planejamento e estabelecer direitos de decisão. Ganhou a fama de solucionadora de problemas e sua influência cresceu sem parar. Hoje, Jackie é diretora da carteira de crédito comercial do banco e ainda é considerada uma estrela em ascensão.







Dominar novos conhecimentos. Para se fazer notar no começo da carreira, é preciso aquirir a tarimba técnica que o trabalho exige. À medida que vai progredindo, a pessoa precisa ampliar esse conhecimento. Para começar, dirige outra pessoa ou um pequeno grupo, passando em seguida para equipes e posições maiores (na matriz, por exemplo) que exijam que exerça influência mesmo tendo autoridade formal limitada. Em postos mais elevados, a excelência técnica pode valer menos do que a capacidade de raciocínio estratégico e de motivar. A certa altura, o desafio é tanto abrir mão de certas coisas como de acrescentar outras. Não tente, por exemplo, ser a um só tempo o melhor engenheiro e o melhor líder da equipe de projetos.

Há quem precise levar um tombo para aprender a lição. Um engenheiro de software excepcionalmente talentoso, que chamaremos de Luke, recebera muito aplauso durante uma carreira relativamente curta. Confiantes em seu potencial, os chefes o colocaram no comando de uma equipe que criaria uma extensão do produto com potencial para atrair uma nova categoria de usuários. Luke era estimado e de bom grado aceitou o desafio, mas não percebeu que tarimba técnica por si só não bastaria. Depois de perder vários prazos, executivos da empresa criaram um posto de “especialista” sênior para o rapaz — de modo a não desmoralizá-lo. No comando, colocaram outro sujeito tecnicamente qualificado e experiente também na gestão de projetos. Luke saiu da lista de gente de alto potencial. Teve uma carreira de relativo destaque como especialista técnico, mas não num papel de liderança de projetos.

Reconhecer que o comportamento conta. Embora o desempenho faça com que se destaque e seja promovido no início da carreira, é seu comportamento que o mantém no radar como alguém de alto potencial. Embora habilidades superiores nunca percam importância, isso passa a ser esperado, pois a pessoa precisa se destacar em papéis com maior alcance. Candidatos ao cobiçado rótulo de “alto potencial” precisam mostrar que seu comportamento mudou: de “adequação e filiação” para “modelo de conduta e mestre”.

A ascensão do gerente geral Phil Nolan à ala executiva da empresa — uma líder de mercado em produtos de lavanderia — se deveu em grande parte a suas qualidades como modelo de conduta. Phil foi destacado para cuidar do principal produto da empresa, um sabão líquido cujas vendas há anos vinham em queda. Dois gerentes de marketing de alta visibilidade tinham tido a oportunidade de revigorar as vendas do produto. Ambos tinham testado — em vão — táticas de redução de preço. Agora, era a vez de Phil. Mas, com um forte currículo no desenvolvimento de produtos, e não em marketing, o gerente era o azarão.

Por sorte, a direção da empresa viu mais em Phil — que, antes disso, promovera relações de cooperação e trabalho em equipe para reerguer um problemático grupo de desenvolvimento de produtos. Pela tremenda confiança que inspirava, conseguia travar conversas muito francas com o pessoal sobre os desafios do negócio. Como resultado, era capaz de chegar ao cerne de um problema rapidamente e achar soluções viáveis. Phil não só sabia como motivar os outros, mas também tinha um olhar aguçado para captar padrões e uma impressionante visão estratégica. Aplicou isso tudo à nova missão.

No primeiro ano na nova função, Phil levou a equipe a aumentar as vendas do produto em 30%. Na entrevista que fizemos com a executiva de RH da empresa, esta destacou a capacidade de Phil de conquistar os outros: “Embora hoje seja o rosto público da marca, há certa humildade nele. O Phil ajuda os colegas a se darem bem, em vez de ameaçá-los. É um exemplo para a organização”.




A cabeça de alguém de alto potencial

Você está fazendo tudo certo. Está gerando valor e dando resultados desde cedo. Está dominando novas áreas de atuação ao enfrentar desafios cada vez mais complexos. Respeita a cultura e os valores da organização. Irradia confiança e conquistou o respeito dos outros. É possível que esteja trabalhando umas 50 horas por semana e recebendo excelentes avaliações. Ainda assim, não é visto como alguém de alto potencial.

Pode ser revoltante, pois os verdadeiros diferenciais — o que chamamos de “fatores X” — são bem intangíveis e em geral não figuram em listas de competências de liderança ou formulários de avaliação de desempenho. Eis esses fatores, que podem fazer pender a balança e ajudá-lo a conquistar e manter o cobiçado rótulo de alguém de alto potencial.

Fator X 1 Desejo de superação. Um indivíduo de alto potencial não é só alguém que se destaca. Sua meta é ter sucesso. Ser bom (até muito bom) não basta. De jeito nenhum. É alguém mais disposto a fazer um esforço adicional, alguém que sabe que pode ter de fazer sacrifícios na vida pessoal para subir. Embora isso não signifique que não seja fiel a seus valores, a ambição nua e crua pode levar essa pessoa a fazer escolhas bastante difíceis.

Fator X 2 Capacidade catalítica de aprendizado. É comum pensarmos na pessoa de alto potencial como alguém que está sempre aprendendo — mas muita gente aprende constantemente, porém não é voltada à ação ou a resultados. Indivíduos de alto potencial com quem travamos contato possuem o que chamamos de “capacidade catalítica de aprendizado”. É gente que sabe buscar novas ideias, tem a capacidade cognitiva para absorvê-las e senso comum para traduzir o novo conhecimento em ação produtiva para clientes e para a organização.

Fator X 3 Espírito empreendedor. Gente de alto potencial está sempre buscando saídas produtivas para abrir novos caminhos. São exploradores e, como tal, assumem o desafio de sair periodicamente da zona de conforto profissional a fim de avançar. Para tanto, podem ter de se arriscar: aceitar um projeto difícil no exterior, por exemplo, ou mudar para uma área da empresa que exija toda uma nova série de habilidades. Dado o desejo de se superar dessa pessoa, seria de imaginar que relutaria em correr tal risco. Mas a maioria parece achar que vantagens — a emoção e a oportunidade — superam os riscos.

Fator X 4 Sensores dinâmicos. Desejo de superação e um espírito empreendedor, somados à vontade de achar novas abordagens, podem, na prática, ser a receita para o desastre profissional. Um indivíduo de alto potencial pode perder o rumo por uma série de razões. Pode, por exemplo, ser tentado a aceitar impulsivamente algo que parece uma tremenda oportunidade — só para descobrir que o posto pouco exige (não é desafiante) ou que não trará vantagem para a carreira a longo prazo. A pessoa também pode sair dos trilhos pelo desejo de agradar. Gente de alto potencial talvez evite divergir abertamente do chefe ou dar um feedback franco e, quem sabe, decepcionante a um colega. Já gente promissora que se dá bem tem um radar bem calibrado que atribui mais valor a resultados de alta qualidade.

Além de critério, a pessoa de alto potencial tem o que chamamos de “sensores dinâmicos”. Com isso, evita esses riscos — ainda que por pouco. Sabe a hora certa de agir, sabe interpretar rapidamente uma situação, tem faro para oportunidades. Seu espírito empreendedor poderia levá-la a tomar decisões insensatas, mas esses sensores a ajudam a decidir, por exemplo, quando investir em algo e quando recuar. O indivíduo de alto potencial tem o dom especial de estar no lugar certo na hora certa.




Um caso exemplar e seus fatores X

Um dos muitos profissionais de alto potencial que conhecemos foi Vineet Kapoor, descrito como astro em ascensão pelos chefes na suíça Synthes. Com faturamento de mais de US$ 3 bilhões, a empresa fabrica e comercializa próteses e biomateriais utilizados em cirurgias e regeneração de ossos e tecidos moles.

Quando estudante, bem antes de entrar na Synthes, Vineet queria dedicar-se à ciência; tinha o sonho de melhorar a vida de gente em economias emergentes como a Índia. Essa visão básica seguiu com ele, mas sua carreira tomou um rumo inesperado. Para surpresa dos colegas, Vineet foi trabalhar na área contábil depois da faculdade: queria adquirir um conhecimento de finanças que fosse útil em qualquer profissão. Entrou na firma indiana de auditoria A.F. Ferguson, que tinha uma importante carteira de clientes (e acabou sendo comprada pela Deloitte em 2004). Depois, foi para a Arthur Andersen (que se fundiu à Ernst & Young) e, a certa altura, para a KPMG em Gurgaon, Índia; seu chefe nesse então dirigia as operações no país. Essa mudança a princípio derrubou o salário de Vineet, mas foi outra oportunidade para que aprendesse mais sobre como criar um negócio.

Vineet falou de oportunidades interessantes abertas durante sua carreira como consultor; quando a lei americana Sarbanes-Oxley entrou em vigor nos EUA, em 2002, havia clientes batendo a sua porta. Embora prometesse uma bela remuneração, o trabalho de adaptar empresas à lei não casava com suas prioridades: aprender e promover mudanças positivas e de grande escala em países emergentes. Por isso Vineet foi para a Synthes, onde seus fatores X se tornaram totalmente evidentes.

Desejo de superação. Uma sede de sucesso pode levar certas pessoas ao limite. O segredo é canalizar o instinto. Vineet, por exemplo, decidiu que deveria sempre pensar como alguém um nível acima dele. Embora isso significasse fazer muitas perguntas — às vezes, para a consternação de colegas e chefes —, esse interrogatório incessante era temperado com um desejo insaciável de mostrar resultados. Ninguém poria em dúvida seu compromisso com o trabalho e a empresa, e a ambição de Vineet não era uma questão de triunfo pessoal. Aliás, como diretor da empresa na Índia, criou um livro de 150 páginas festejando a contribuição de colegas e destacando seus valores comuns. O tomo virou uma espécie de manual para a filial indiana da Synthes; para o pessoal, era esclarecedor. Foi tão comentado que profissionais que tinham deixado a empresa voltaram porque a organização fora energizada pelo livro.

O que mais motivava Vineet não era o desejo de subir na hierarquia — o que o movia era sua aspiração original. Daí ter redigido um plano de negócios de 85 páginas que incluía o projeto de levar ensino de primeira a todo cirurgião indiano, incluindo os localizados em zonas remotas. Segundo o presidente da Synthes, o plano mudou o modo como a empresa encara a Índia.


Capacidade catalítica de aprendizado. Ao viajar aos EUA para uma reunião de estratégia da Synthes, Vineet esticou a estada para poder observar os vendedores americanos em ação. Nesse tempo, foi com eles a dezenas de visitas de vendas. Tendo captado a atenção do presidente com sua estratégia de crescimento, Vineet achou que a empresa só seria capaz de executá-la se contasse com a ajuda de mais gente — e gente diferente. Pegou o que aprendera com a equipe de vendas nos EUA e criou um novo perfil de competências para os vendedores na Índia — perfil que destacava o empreendedorismo, atributo que, a seu ver, seria crucial para que a promessa do mercado indiano se cumprisse.

Espírito empreendedor. Para Vineet, um dos aspectos mais difíceis do crescimento na carreira foi sair da zona de conforto, tanto profissional quanto pessoalmente. Recusou várias oportunidades, incluindo uma que teria exigido a mudança para os EUA. Em certo momento, no entanto, aceitou o posto de diretor de iniciativas estratégicas para a região da Ásia−Pacífico, o que o obrigou a trocar a Índia por Cingapura. Para se preparar, Vineet passou um ano correndo o mundo: ficou parte do tempo na filial americana e o resto, na sede europeia na Suíça. Teve de adaptar seu estilo pessoal e criar novas estratégias. Sabia como conduzir uma equipe como “country manager”, mas ajudar outros executivos nesse mesmo posto a atingir sua visão era difícil. Vineet adorava tocar as próprias operações e ter responsabilidade pelos resultados; no novo cargo, tinha de exercer um papel coadjuvante e usar de influência, e não de controle direto, para dar cabo das coisas.

Sensores dinâmicos. Um indivíduo de alto potencial pode atrair rancor e inveja, além de admiração — e tudo isso pode ser fonte de estresse. Quem realmente é de alto potencial entende esse fato e busca reduzir a animosidade. Vineet sem dúvida se importava com a imagem que faziam dele. Tinha 29 anos quando lhe ofereceram o cargo de country manager na Índia — e cogitou recusar a oferta porque achava que os outros poderiam considerá-lo jovem ou inexperiente demais. Essa consciência da percepção alheia é um atributo definidor de alguém de grande potencial.


Desenvolva seus fatores X

Além de não aparecer em modelos de competências de liderança, os fatores X de um indivíduo de alto potencial são difíceis de ensinar e aprender, sobretudo em sala de aula. É possível, no entanto, aumentar suas chances de desenvolver seus fatores X.

Descobrir em que pontos você deixa a desejar é o primeiro passo. Se for reiteradamente pego de surpresa por acontecimentos, por exemplo, é bem provável que seus sensores dinâmicos não sejam muito fortes. Certas pessoas estão mais sintonizadas com o entorno do que outras, mas é possível melhorar o radar com medidas simples como ouvir os outros mais atentamente, observar suas reações ao que você diz e atualizar sua rede de relacionamentos para ficar em maior sintonia com novos negócios e mercados nos quais a empresa aposta.

O aprendizado catalítico exige um interesse na ação, não só no aprendizado. Aprender sem alterar seu comportamento é uma oportunidade jogada fora. Pode ser difícil adquirir mais desejo de superação ou um espírito empreendedor, mas com alguma reflexão você pode começar a ser mais proativo ou assumir um pouco mais de riscos. Isso tudo deixa clara a importância de investir tempo e energia na autorreflexão. Também é preciso reconhecer o valor de buscar conselhos de um coach ou mentor — e de descobrir onde a ajuda de um conselheiro termina e sua independência começa.




Rótulo de alto potencial tem suas desvantagens

É maravilhoso ser reconhecido por seus dotes e por sua possível contribuição para o futuro da empresa, mas o rótulo de alto potencial tem um preço. Para começar, não há garantias: qualquer um pode ser excluído da lista. Há quem se retire voluntariamente ou por omissão, por não ter tempo ou paixão para seguir esse caminho. Praticamente toda empresa que ouvimos indicou que a permanência na lista não é garantida; descobrimos que, a cada ano, de 5% a 20% dos indivíduos de alto potencial perdem esse status, por escolha ou não.

Entre as razões para a exclusão de alguém da lista de gente de alto potencial estão uma transição insatisfatória para uma nova função, desempenho ruim por dois anos seguidos, conduta em conflito com a cultura e os valores da empresa e fracasso claro e considerável. Em nossa pesquisa, vimos um caso dramático de queda das alturas. Foi protagonizado por uma executiva que chamaremos de Marta, à época considerada para o cargo de diretora de tecnologia de uma grande empresa de serviços financeiros.

Marta tinha alto potencial, era extremamente brilhante, tinha excelente qualificação técnica. Mas sua inteligência acabou atrapalhando. Não queria “perder tempo” falando com gente igualmente graduada cujos clientes precisavam de novos aplicativos. Tinha sempre “a resposta certa”, fosse ou não adequada às necessidades e expectativas de clientes. Seus sensores dinâmicos e sua capacidade catalítica de aprendizado eram nulos. Era inteligente, mas não sábia, e todo esforço para orientá-la foi em vão. Marta era boa demais para ser demitida, mas foi excluída da rota de sucessão, o que no final lhe custou uma remuneração de milhões, possivelmente. Dirigiu o projeto do ponto de vista técnico, mas sua carreira basicamente estancou.

Ser escolhido para receber atenção adicional no sentido de se desenvolver também pode implicar sacrifícios na vida pessoal. Há quem adore estar sempre mudando de função, mas para alguns isso traz muita ansiedade, para não dizer escolhas difíceis (ligadas à família ou não). As expectativas em relação a essa pessoa são altas — e colegas que não estão na lista podem intimamente (talvez inconscientemente) desejar seu fracasso, ou se ressentir o bastante para torcer por sua queda.

Ser incluído numa lista de gente de alto potencial pode ser uma considerável oportunidade de crescimento. Logo, não é nossa intenção desencorajar grandes gestores interessados em entrar nela. Contudo, é preciso descobrir não só como entrar na lista, mas por que esse desejo em primeiro lugar. E isso exige reflexão. Você está pronto para ser rotulado como alguém de alto potencial? É o que realmente quer? Se for, a recompensa pode ser imensa; se não, busque outras maneiras de investir em suas paixões. Seja qual for a resposta, não esqueça: o desempenho sempre conta; à medida que for crescendo, seu comportamento fica mais e mais importante; e os fatores X são sua arma secreta.
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Douglas A. Ready (dready@icedr.org) é professor-visitante de comportamento organizacional na London Business School, no Reino Unido, e fundador e presidente do ICEDR, centro global de pesquisa em gestão de talentos nos EUA. Jay A. Conger é titular da cátedra Henry R. Kravis Research Professor in Leadership Studies na Claremont McKenna College, nos EUA, e professor-visitante de comportamento organizacional na London Business School. Linda A. Hill é titular da cátedra Wallace Brett Donham Professor of Business Administration na Harvard Business School, nos EUA.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quais são os requisitos para ser um gestor de sucesso atualmente? – Texto de Sandro Magaldi (HSM Online)



Essa é uma indagação que não sai de minha cabeça e, talvez, seja um dos principais impulsionadores de minha busca por conhecimento. Certamente trata-se de uma daquelas perguntas que não possuem resposta única (na realidade, tampouco estou certo de que exista uma resposta para a questão), porém isso não nos impede de refletir sobre o tema.
Ao navegar pelos tortuosos caminhos dessa jornada extraio uma primeira convicção observando e vivenciando o dia a dia do ambiente corporativo: o exercício da gestão é um eterno exercício de aprendizado. O dia que perdermos a capacidade de aprender, simplesmente perderemos a capacidade de ser bons gestores.
Essa convicção é proveniente de um dos aspectos que melhor caracteriza nossa sociedade atualmente: a velocidade. Falar sobre a velocidade com que as coisas acontecem no ambiente empresarial é “chover no molhado”. Porém é extremamente relevante discutir as consequências dessa dinâmica.
Uma das consequências mais claras desse processo se reflete no alto nível de incerteza e instabilidade com que se caracteriza o mundo corporativo. Na medida em que surgem novas alternativas e possibilidades a cada dia, aquilo que era certo simplesmente transforma-se em incerto do dia para a noite.
Nesse cenário, adotar uma postura inflexível, repleta de verdades absolutas faz com que o gestor seja presa fácil da obsolescência, com seu conhecimento ficando ultrapassado em questão de meses, dias ou, até, minutos.
Assim, a capacidade de aprender, adaptando-se às mudanças do ambiente, é um dos principais requisitos para o gestor de sucesso. Indo além, é necessário desenvolvermos nossa capacidade de aprender a aprender, tendo uma atitude legítima e inquieta rumo ao aprendizado. Mas como aprender, algo que muito se fala, mas que pouco se aplica?
Atitude
Em primeiro lugar, esse não é um aprendizado que acontece exclusivamente nos meios teóricos; ele se dá também em nossa prática diária, em nossos relacionamentos. Aprendemos nos relacionando com outras pessoas, com outras empresas, com outras realidades. A inquietude perante aos nossos desafios diários é uma das mais importantes fontes motivacionais rumo ao aprendizado.
Portanto, mais do que um sistema ou um processo trata-se de uma questão de atitude. Sim, e essa atitude é das que requerem coragem e humildade, já que vivemos em uma sociedade que não oferece espaço a dúvidas.
Humildade é justamente o contrário do que a extrema segurança e as certezas absolutas que somos ensinados a mostrar aos outros. O gestor que dá sinais de inquietações perante a dado problema, muitas vezes é visto como um profissional inseguro, incompleto.
Não se engane, leitor. Trata-se de mais uma das passagens do mundo corporativo que faz parte da série “me engana que eu gosto”. Para não cair na armadilha da superficialidade devemos ter coragem de refletir sobre esse admirável mundo novo que floresce nos negócios e cria um contexto absolutamente propício para nos aprofundarmos sobre teses e conceitos vistos com certa incredulidade pelo status quo.
Nos acomodarmos nas verdades do passado sem confrontá-las com nossa nova realidade fará com que desperdicemos a imensa oportunidade de sermos protagonistas na construção desse novo paradigma nos negócios. Estamos diante de um mundo de possibilidades. Não se desperdice. Construa as suas aprendendo a aprender hoje e sempre.
Sandro Magaldi (Diretor comercial da HSM do Brasil. Professor da ESPM e autor do livro Vendas 3.0 – Uma nova visão para crescer na era das ideias. Visite seu blog: www.sandromagaldi.com.br)
Portal HSM

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O perfil humano das novas lideranças



“Se tratamos as pessoas como elas devem ser, nós as ajudamos a se tornarem o que elas são capazes de ser”. Goethe.
As empresas estão certas de que no âmbito da gestão de pessoas tornou-se crucial a adoção de um novo perfil que sugira, também, um novo modo de pensar e agir quanto ao incentivo das práticas da nova liderança. Mas, a despeito da maioria dos líderes considerarem o trabalho em equipe importante e investir na formação de um time de alto desempenho, ainda é notória a dificuldade quanto à adoção dos conceitos da nova liderança nas células de trabalho.
É fundamental que o novo líder seja flexível e consiga inteirar-se das necessidades e expectativas do grupo, despertando em todos o desejo de cooperar por disposição própria e não por imposição. “Pessoas precisam ser tratadas cada vez mais como parceiras e não mais como empregadas”, Peter Drucker. Esse é o estímulo e o caminho para a configuração da liderança essencial.
Entende-se que o próprio ritmo imposto pelas demandas inerentes à função do líder, somado ao compromisso com a entrega dos resultados, traz dificuldades à proposição do trabalho colaborativo. Afinal, muitas vezes é mais rápido fazer por si mesmo do que dispor de tempo para formar pessoas até que tenham condição de contribuir de forma autônoma. Mas, esse é o principal papel do líder: desenvolver àqueles que estão sob a sua responsabilidade.
O perfil das novas lideranças é permeado por conceitos, tais como: aprendizado em grupo, relações interativas, ações colaborativas, criação de alianças e melhoria do ambiente de trabalho, mas todos ficam sujeitos à percepção particular de cada indivíduo. Cabe ao gestor interpretar e criar um sentido comum quanto ao trabalho em equipe, através de um esforço conjunto que contemple o bem estar da empresa e de seu contingente humano.
Um líder que não conheça a si mesmo, não conseguirá conhecer sua equipe. O autoconhecimento tem papel de destaque dentre as habilidades do novo líder, que deve estar sempre atento às expectativas e necessidade dos seus colaboradores. Para isso é essencial que, antes de tudo, tenha conhecimento de seus talentos e limitações, através de uma autoavaliação justa que o permita, a partir de si próprio, entender e considerar o perfil de seus colaboradores.
“É imperativo ter consciência de que as pessoas são feitas de corpo, mente, emoções e espírito”, Stephen Covey. Equipes não devem ser gerenciadas, mas, sim, lideradas. Desse modo, enxergar as pessoas na sua complexidade e estimular o potencial de realização de cada uma delas, oferecendo-lhes um modelo de conduta pautado na consideração e respeito mútuo, é o único modo de garantir a conquista dos resultados e a manutenção dos talentos de uma empresa.
No cenário atual não há mais espaço para que os gestores reproduzam o modelo onde o colaborador é um ativo da empresa, devendo assim ser controlado e não orientado. Na esfera das novas lideranças considera-se, enquanto premissa básica, a eficácia dos modelos de gestão de pessoas em linha com as necessidades e expectativas do grupo.
O líder, através das suas atitudes e iniciativas, deve ilustrar a mudança que deseja provocar na sua equipe. Deve, pelo exemplo, suscitar nos seus liderados o desejo de segui-lo, pois “se a palavra ilustra, o exemplo arrasta”, a referência é fundamental. No sentido das novas lideranças, se um gestor consegue inspirar seus colaboradores a sonhar mais, aprender mais e tornar-se mais, certamente estará cumprindo com maestria a missão do líder.

Por:

Waleska Farias

http://www.hsm.com.br/blog/author/waleska_farias/

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

John Kotter: 8 passos para liderar a mudança em sua organização



Em uma série de quatro artigos, mostraremos os conceitos de John Kotter para promover a mudança dentro das empresas. Especialista participará do Fórum HSM de Gestão e Liderança em abril

Cenários adversos e problemas com mudanças são causadores de noites de insônia para muitos executivos. De acordo com o acadêmico John Kotter, Doutor em Comportamento Organizacional pela Harvard Business School, 70% dos esforços de mudanças nas organizações fracassam. Kotter defende uma teoria em 8 passos para promover e liderar a transformação dentro das empresas. Neste primeiro artigo de uma série de quatro, apresentamos os steps 1 e 2. Confira.
1º Passo - Crie um senso de urgência
Apesar de ter claros os motivos que levaram a necessidade de mudança, é preciso fazer com que todos os colaboradores sintam também esta mesma necessidade de mudança e percebam a importância de agir imediatamente.
Sendo assim, criar este senso de urgência permite que a empresa conte com a cooperação necessária para conduzir uma mudança. De acordo com Kotter, 50% das empresas que não conseguem fazer as mudanças necessárias pecaram logo no início do processo, ignorando a necessidade de tirar as pessoas da zona de conforto.
Entende-se aqui por inspirar às pessoas para a mudança como criar o senso de urgência e não apenas pressioná-las para uma causa que não diz respeito a elas.
Para fazer isto acontecer, Kotter recomenda:
- Traga as informações de fora para dentro.
- Comporte-se com urgência todos os dias.
- Encontre a oportunidade diante da crise
- Lide com o “não”
2º Passo - Crie a aliança administrativa
Além de criar uma sensibilização para a mudança dentro da organização, é preciso reunir um grupo com poder suficiente para liderar a mudança. Uma pessoa, isoladamente, não consegue engajar um grande número de pessoas, vencer todas as resistências, gerar resultados no curto prazo e gerenciar outros projetos ou novas abordagens da cultura.
Para o acadêmico, é preciso ter uma aliança, ou seja, uma espécie de coligação de pessoas que serão líderes da mudança dentro da empresa. “Isto é fundamental para o sucesso”, pontua Kotter em seu website.
Entretanto, para conduzir um processo de mudança é preciso ter um comitê composto por pessoas de alta credibilidade. Caso contrário, “a iniciativa cai por terra” e a concorrência levará a melhor.
Para criar este time em defesa da mudança, a equipe precisa refletir sobre quatro aspectos:
1. Posição de poder: trabalhar os colaboradores-chave para abraçarem a causa, para que os resistentes não bloqueiem o progresso.
2. Atuação: Todos os pontos de vista do time devem estar representados para que as decisões tenham embasamento e sejam tomadas de forma inteligente.
3. Credibilidade: O grupo deve ser visto e respeitado. Suas decisões precisam ser levadas a sério pelos demais colaboradores.
4. Liderança: O time deve ter liderança capaz de conduzir ao processo de mudança.
Para Kotter, o ideal é que esta coligação seja composta por dois gerentes e líderes que trabalham em grupo.  Os gerentes terão o papel de manter o processo sob controle, enquanto os demais guiarão para a mudança. “Uma aliança administrativa com bons gestores, porém com líderes pobres tende a produzir planos e não trabalhar a visão”, pontua Kotter em sua página na web.
O segredo, de acordo com o acadêmico, está em “construir o time certo e, em seguida, combinar um nível de confiança com um objetivo comum, em que a equipe acredita que pode resultar em uma aliança administrativa que tem a capacidade de fazer a mudança necessária acontecer, apesar de todas as forças de inércia”.
Confira os passos seguintes nas próximas semanas.
Dia 16 de fevereiro – Steps 3 e 4: John Kotter: Uma boa visão pode exigir sacrifícios
Dia 16 de março – Steps 5 e 6
Dia 30 de março – Steps 7 e 8

Referência bibliográfica: Kotter International.com

Por Patricia Santana (Jornalista com especialização em Marketing. É Diretora da PS Comunicação Integrada).
Portal HSM

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Equipe de pessoas diferentes




Por: ABRAHAM SHAPIRO

Equipes compostas por pessoas diversas é um dos grandes problemas da liderança nas empresas de hoje.

Como fazer para pessoas muito diferentes unirem forças? Não é fácil. Algumas das pedras mais pesadas no meio desse caminho são: disputas por "território", competição por desempenho individual em vez do coletivo, e desconfiança.

Alguns perguntarão: “Por que apostar numa equipe de gente diferente, se isto aumentando as chances de problemas? Não será complicado?

A necessidade que muitas empresas têm de entrar neste terreno deve-se ao benefício de que a união de pessoas com pensamentos diferentes gera ideias inovadoras. Elas fazem "brotar" o pensamento original mais rapidamente.

Vamos à prática. O que fazer para juntar com sucesso pessoas diferentes? Os grandes especialistas aconselham: “apresente-lhes um desafio irresistível”. Pode ser um projeto complexo, uma jornada para melhoria de um processo, o estudo detalhado da estratégia da concorrência, etc. Se você adicionar a este desafio a pressão para completar a tarefa num período curto de tempo, a receita estará completa.

Uma proposta eletrizante com prazos agressivos deixa os membros da equipe sem tempo para boicotar um ao outro ou enfrentar-se.

Resumindo, crie a necessidade para que as pessoas participem de algo “maior do que elas mesmas”, e elas colocarão este sentimento acima de seus interesses.

E qual o papel do líder? Primeiro, ele deve saber que a mudança do trabalho individual para o realizado em equipe não é um processo intelectual, mas emocional. Assim, ele deverá estar genuinamente interessado em fazer as pessoas se superarem. Ele terá que ser bom em seduzir as pessoa para que funcionem como equipe e colaborem mutuamente.

O líder deverá proporcionar a orientação. Se gostar, uma das formas de fazer isto é através de uma boa reunião de brainstorming na qual ele convide os membros da equipe a oferecerem ideias de como vencer o desafio. Aí ele os ajudará a comunicarem-se fazendo perguntas diretas a cada um, tipo: "Quais são as suas ideias?”, “Que contribuição inovadora você pode dar a esse projeto?".

E se o líder souber fazer deste processo uma atividade interessante, impondo à equipe a busca de um resultado factível e visível, faltará apenas injetar uma dose de diversão ao desafio e ver grandes maravilhas acontecerem.